Insistência em anistia fragiliza apoio político à família Bolsonaro

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A defesa de uma anistia “ampla, geral e irrestrita” feita pela família Bolsonaro, diante da decisão de Donald Trump de aplicar uma sobretaxa de 50% a produtos brasileiros, tem provocado desgaste até entre aliados próximos. Nos bastidores, parlamentares reclamam da postura, mas evitam críticas públicas por medo de retaliações da base mais radical.

A ligação com Trump, chamada de “paixão” por Jair Bolsonaro, tem gerado alto custo político, principalmente com a pressão do agronegócio sobre congressistas bolsonaristas. Além da tarifa, preocupa a investigação comercial aberta pelos EUA contra o Brasil. Trump justificou a medida por uma suposta perseguição a Bolsonaro.

O impasse ficou evidente no atrito entre Eduardo Bolsonaro e o governador Tarcísio de Freitas, que buscou a embaixada dos EUA para negociar alternativas. O gesto foi mal recebido por Eduardo, que o considerou desleal. Após apelos, os dois se reconciliaram, mas mantêm posições opostas. Parte da base defende Tarcísio; outra, Eduardo e sua linha mais radical.

O pano de fundo é a disputa pela herança política de Jair Bolsonaro. Tanto Eduardo quanto Tarcísio são cotados como possíveis sucessores com visões distintas. Eduardo quer ampliar o projeto de anistia em discussão na Câmara, que já inclui participantes dos atos golpistas de 8 de Janeiro e poderia beneficiar até o ex-presidente. Para ele, o perdão deve atingir também “exilados”, como Allan dos Santos e ele próprio.

Durante programa no YouTube, Eduardo apelou aos presidentes da Câmara, Hugo Motta, e do Senado, Davi Alcolumbre, por apoio à anistia. Em troca, se comprometeria a envolvê-los nas negociações com os EUA. A fala irritou aliados de Motta, que desaprovam pressão pública.

Motta e Alcolumbre, ao lado do vice-presidente Geraldo Alckmin e da ministra Gleisi Hoffmann, sinalizaram apoio ao governo Lula para liderar a resposta às medidas americanas. Enquanto Eduardo insiste que a anistia é a única saída, outra ala do bolsonarismo classifica isso como “loucura” e defende uma solução diplomática.

O deputado licenciado afirmou que autoridades americanas chegaram a sugerir asilo político à família Bolsonaro, mas eles recusaram. Já o Senado aprovou uma missão aos EUA para mostrar que Eduardo não fala em nome do Congresso. O grupo terá perfil plural, com nomes como Nelsinho Trad, Rogério Carvalho e Tereza Cristina.

Aliados pediram a Bolsonaro que interceda junto a Trump, mas ele alegou não ter como. Em entrevistas recentes, oscilou entre se distanciar da negociação e pedir passaporte para participar. Apesar de negar vínculo entre sobretaxa e anistia, escreveu nas redes: “Em havendo harmonia e independência entre os Poderes, nasce o perdão entre irmãos e, com a anistia, também a paz para a economia”.

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