O uso de cigarros eletrônicos, ou vapes, tem crescido muito nos últimos anos. Apesar de serem vendidos como uma opção mais moderna e aparentemente menos prejudicial que o cigarro comum, estudos mostram que eles podem causar sérios problemas de saúde. Uma pesquisa de 2020, por exemplo, apontou que quem usa vape todos os dias tem 73% mais chance de ter asma, além de risco maior de bronquite e outras doenças pulmonares.
Muitos vapes têm sabores agradáveis, pouco cheiro e são vistos como mais “seguros”, mas a ciência já mostrou que isso não é verdade. Esses dispositivos podem causar doenças graves, como a bronquiolite obliterante, conhecida como “doença do pulmão de pipoca”. Essa condição é rara, mas não tem cura e afeta as menores vias dos pulmões, causando inflamação e obstrução.
Essa doença ficou conhecida quando trabalhadores de fábricas de pipoca de micro-ondas nos Estados Unidos ficaram doentes após inalar por muito tempo uma substância chamada diacetil, usada para dar sabor de manteiga. O problema é que essa mesma substância foi encontrada em muitos líquidos usados nos vapes, até mesmo nos vendidos legalmente.
Um estudo da Universidade de Harvard analisou 51 líquidos com sabor usados em vapes e encontrou diacetil em mais de 75% deles. A inalação contínua desse composto pode causar grandes danos aos pulmões. Além disso, outras substâncias presentes nesses produtos, como propilenoglicol, glicerina vegetal, metais pesados e nicotina, também são preocupantes e nem sempre têm controle ou regulamentação adequada.
Entre 2019 e 2020, os Estados Unidos enfrentaram uma epidemia de doenças pulmonares ligadas ao uso de cigarros eletrônicos, chamada EVALI. Foram mais de 2.800 casos e 68 mortes. Muitos desses casos estavam ligados a líquidos adulterados ou contaminados com acetato de vitamina E.
Segundo a pneumologista Fernanda Baccelli, do Hospital Alemão Oswaldo Cruz, a falsa ideia de que o vape é seguro é muito perigosa. Ela conta que já atendeu jovens com falta de ar, tosse crônica e lesões nos pulmões. De acordo com ela, as substâncias presentes nos vapes podem causar inflamações sérias e quadros semelhantes à bronquiolite obliterante.
Outros estudos mostram que os vapores dos vapes prejudicam as células que protegem as vias respiratórias, deixando o corpo mais vulnerável a infecções e inflamações. Mesmo aromas considerados “inofensivos”, como os de frutas ou doces, podem causar reações perigosas nos pulmões quando inalados com frequência.
O uso frequente de vapes pode levar à dependência de nicotina, piorar a função pulmonar e aumentar o risco de doenças como asma e bronquite. Além disso, muitas pessoas acabam migrando para o cigarro comum ou usam os dois juntos, o que aumenta ainda mais os riscos.
A comunidade médica alerta para a importância da prevenção e da informação correta. É essencial que a população tenha acesso a dados confiáveis e orientação profissional. Cuidar dos pulmões é essencial para uma vida saudável, principalmente entre os jovens.
O Hospital Alemão Oswaldo Cruz reforça seu compromisso com a promoção da saúde e a conscientização sobre os perigos do tabagismo e dos cigarros eletrônicos. Acredita que a informação de qualidade é uma forma de prevenção e cuidado com cada pessoa.